A bossa com sotaque gaúcho

Músicas

 

Águas Abertas

Disco gravado em 1995, em Porto Alegre

 1 – Santuário (1993)

Quando o dia amanhecia
Prás bandas do Rio da Guarda
Acordava um verde azul
Nas várzeas e serranias
E o orvalho e a cerração dissipando
Na grama à beira da lagoa
Caminho que leva ao rancho
Onde ficam as canoas
Era só um empurrãozinho
Prá tirar do lado o casco
Chamando água no remo
Te leva levava rio abaixo
Água limpa e muito espaço
Lagoa do Ribeirão
Traíra grada no junco
Na boca do Rio Camarão
Já viajando pelo Rio da Guarda
A direção e Barra do Embau
A gente ia na felicidade
Na velocidade, força natural
Quem me ensinou esse caminho foi Seu Doca
Pai da Virginia e irmão do Seu Marquinho
Se eu cambasse passando o Porto da Telha
No Rio da Madre ia dar bem direitinho
Quando anoitecia o dia
Prás bandas do Rio da Guarda
A treva encerrava as serras
No rancho um fogo brilhava
Dando um rosa na lagoa
De um marinho estrelada

João Palmeiro

  Voz e violão: João Palmeiro Contrabaixo acústico: Evaldo Guedes
Flauta: Pedro Figueiredo Percussão: Fernando do Ó Arranjo: Toneco
 

2 – Rio do Siriú (anos 70)

João Palmeiro

 

A canoa vai descendo o Rio do Siriú

Proa e popa, pá de remo

Eu vou na minha, sim senhor

Que este dia está bonito, passarinho cantou

E o sol bateu na serra

E o verde e o mais tudo dourou

Quero é tomar banho de cachoeira

Faca afiada, barranca e fogueira

Me livrar dessa sujeira

Que a cidade grande me deixou

A canoa vai descendo o Rio do Siriú

Proa e popa, pá de remo

Eu vou na minha, sim senhor

Que este dia está bonito, passarinho cantou

E o sol bateu na serra

E o verde e o mais tudo dourou

Em cima d’ água o casco de madeira

Frutos do rio sobre a correnteza

É viver em harmonia com a natureza

Vou vivendo em harmonia com a natureza

Voz: Fátima Gimenez

Violão e Arranjo: Toneco

Harnomia: Clóvis Ibañez

Percussão: Fernando do Ó

 

3 – No tempo (anos 80)

João Palmeiro/Robson Barenho

Virás

De manhã quem sabe

Virás, virás, virás

Quando menos tarde

Se a paixão te arder

Demais

Voltar

Ansiosa sangria

Será, será, será

Como eu voltaria

Como eu já bebia

O gás, o gás, o gás

Virás

Ardente e profana

Como febre urbana

Feito quem se engana

Ou se enganou no adeus

Ou se enganou no adeus

Cidade aberta o coração

Te guarda um bar

Te oferta um chão

E vás chegar com beijos tão gentis

Que eu de feliz

Te negarei

A mão

 

Voz: Flora Almeida

Piano: Geraldo Flach

Violoncelo: Ricardo Pereyra

Arranjo: Toneco

4 – Ontem, hoje e amanhã (anos 70)

João Palmeiro

Ontem na linha das ondas

Chuveiro branco correu

Era ponta do pampeiro

Forte que deu

Na terra da Garopaba

Estavam as lanchas na corvina

Era choro das mulheres

Pedindo a graça divina

Eram os homens no aguaceiro

Proa corta esse pampeiro

Hoje amanheceu tão calmo

Vista até onde se vê

Pescadores no domingo

Alegria de viver

Futebol roupa arrumada

Criançada atrás prá ver

Quem tem longe seu amor

Viajando vai prá ver

Vara a lagoa a canoa

Abre a tarrafa no ar

Que ela caia direitinho

Que é pro peixe não escapar

Que hajam dias no futuro

Bem melhor prá se levar

 

Voz: Glória Oliveira

Violão e Arranjo: Toneco

Contrabaixo acústico: Evaldo Guedes

Harnomia: Clóvis Ibañez

Percussão: Fernando do Ó

5 – Onde singram e balouçam as canoas d’um pau só (1993)

João Palmeiro

O mar de dentro

É mais raso que fundo e o vento

Quando sopra é rifado, é tormenta

Às vezes mais forte e pior

Que no mar de fora

O mar de dentro

É um espelho, é um viveiro de peixe

Camarão, ostra e caranguejo

Alvo do gavião caramujeiro

A manta de tainha que salta

Entre as galhas dos botos

No mar de dentro

A noite é um espanto, é um luzeiro

Prá atrair camarão, melhor grado

E vender bem cedo no mercado

É a vida do canoeiro

É a vida do canoeiro

No mar de dentro

Tem praias de areia e mato

Baias pro embate do barco

Que aponta na barra, nas dunas

Garças e biguás em revoada…

 

Voz e violão: João Palmeiro

Flauta: Pedro Figueiredo

Violoncelo: Ricardo Pereyra

Percussão: Fernando do Ó

Arranjo: Toneco

  

6 – Caminho do Oswaldino (anos 80)

João Palmeiro/Zé Caradipio

Estrada de terra, poeira amarelo

Chovendo é vermelho, o barro por ela

Carro de boi não levanta pó

Na lama que prende

O motor não sai só

Estrada de terra, poeira amarelo

Chovendo é vermelho, o barro por ela

Estrada de terra margeada de mato

Tão quietas tuas retas

Quem vai a pé vê melhor

Ou nas rodas das bicicletas

Estrada de terra, caminho da roça

Bussica correndo por ela

Pingo amarrado no poste

Pinga correndo na bodega

Estrada de terra, poeira amarelo

Chovendo é vermelho, o barro por ela

Estrada de terra, casinhas à beira

Criação, bananeiras

Trazendo a encomenda,

O carro da linha buzina

Para a moça na porteira

Estrada de terra, poeira amarelo

Chovendo é vermelho, o barro por ela

Estrada de terra, velho pontilhão

Onde a molecada pesca lambari

Estrada que sobe e se vê a vista

Estrada bonita, luar do sertão

 

Voz, harmonia e violão: Zé Caradipia

Flautas: Pedro Figueiredo

Acordeon: Luiz Carlos Borges

Percussão: Fernando do Ó

Concepção: Toneco

7 – O trabalho do Milton (1993)

João Palmeiro

Olha a baleia de galha

À boreste do meu bordo

Que pescaria bonita

Tu foste me convidar

Olha o mar que ela faz

No cardume da espada

Se ela vem pro nosso lado

Maria, não sobra nada

A bicha é atentada

Persegue a embarcação

Faz tempo que uma não vinha

Tão perto assim do costão

Bota no rumo da vigia

Debulha o pau, Neroci

Escapa vamos prá terra

Não presta ficar aqui

E como dizia o nosso Sebastião:

– A bicha é perigosa!

Voz e violão: João Palmeiro

Contrabaixo acústico: Evaldo Guedes

Gaita Ponto: Renato Borghetti

Concepção: Toneco

8 – Armadilhas (anos 80)

João Palmeiro

Eu caminho na chuva

De noite é um perigo

As luzes do dia

Me ferem os ouvidos

Sou mais um que caiu

Estou ao desabrigo

Quem me pensa as feridas

Se eu agrido os amigos

A coragem que eu tinha

Do outro lado da linha

Tua voz desligou

Plantei as canções nos corações

E fui bem feliz

Quando você me quis

Sou o bar, está fechando

A idéia mais louca

Menino sem casa,

Olhando prás outras

Sou falta do teu cheiro

Gasto da tua boca

 

Voz: Josiane

Harmonia e violão: Beto Bollo

Contrabaixo acústico: Evaldo Guedes

Flügelhorn: Chico Gomes

Percussão: Fernando do Ó

Arranjo: Toneco

9 – Águas abertas (anos 80)

João Palmeiro

O tempo era clamaria

Águas abertas tudo se via

O ilhote, as irmãs, os corais tão perto

A laje no seco, o mar nem queira

O barco aproou prá terra

O Cunha quem avistou

Sentado num caixotinho

Da venda que ele montou

O tempo era calmaria

Pesca de linha, cesto de marisco

Entralhando rede, pintou no casco

Quem é marinheiro tem sabedoria

O tempo era calmaria

Indo pelas ruas a gente sentia

Janelas abertas, vassouras passando

Uma voz cantando, outras conversando

O tempo era calmaria

Agradava João, Gostava Maria

Tainha escalada no varal curtia

Panela no fogo, barriga vazia

O tempo era calmaria

Como há muito isso não se via

E batia o sino e passava o morto

Que a vida levava pela escadaria

O tempo era calmaria

Foi-se embora o barco, na sua esteira o dia

E naquele dia ficou só na praia

Quem deixou no barco tudo que queria

 

Voz: Glória Oliveira

Piano e Arranjo: Toneco

Violoncelo: Ricardo Pereyra

Efeitos: Fernando do Ó

 

10 – O orvalho e a rosa (1963)

João Palmeiro/Mutinho

Olha a beleza que está o céu

O pôr do sol deixou na noite um rosa-véu

Noite-carinho, doce aroma de flor

Tudo tão quieto, amor, amor

Sente a ternura que tudo envolveu

O orvalho e a rosa

Beleza que o infinito é

Beleza que o infinito é

 

Piano e Arranjo: Geraldo Flach

Contrabaixo acústico: Evaldo Guedes

Bateria: Ricardo Arenhaldt

Percussão: Fernando do Ó

Vozes: Adriana Gimenez, Fátima Gimenez e Josiane

 

Uma resposta

  1. O João Palmeiro tem uma marchinha divertidíssima chamada “Satélite Quadrado”, q é um satélite português!!!

    outubro 19, 2012 às 2:55 am

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