A bossa com sotaque gaúcho

Biografia

João Palmeiro, João da Benga, Joãozinho…

Pouco antes da revelação trazida pelo LP Chega de Saudade, de João Gilberto, um grupo de jovens porto-alegrenses começou a se reunir num apartamento do bairro Menino Deus para cantar e ouvir discos de Dick Farney, Lúcio Alves, Agostinho dos Santos, Tito Madi, Sinatra, alguns jazz. O morador do apartamento, num dos primeiros edifícios altos do bairro, com a visão do Guaíba nas janelas, era o estudante João Palmeiro, o Joãozinho. Tinha 18 anos, liderava a turma pelo conhecimento musical e por tocar bem violão. Certo dia, um amigo do grupo apareceu com o compacto lançado em fevereiro de 1959 por João Gilberto em que estava a música Desafinado. Joãozinho quase não acreditou no que estava ouvindo – aqueles acordes alterados, a batida do violão num samba esquisito, o canto quase falado. Apaixonou-se instantaneamente. Quando chegou o LP, foi o primeiro a compra-lo, na Casa Krahe, loja de departamentos da elegante Rua da Praia em cuja calçada os jovens marcavam ponto ao fim de todas as tardes, os rapazes encostados nos carros, as meninas desfilando diante deles. Fazer o footing, na Rua da Praia, como se dizia, era um dos hábitos sociais da cidade. Boa parte de uma história que começa aí está meio perdida na história cultural de Porto Alegre, especialmente a da geração que viveu os primeiros tempos da Bossa e os anos dos festivais de música (Juarez Fonseca, Música nos anos 60: uma década quase esquecida).

Vale lembrar que Formiguinha triste, música que percorreu o mundo na voz de Elis Regina, é de sua autoria. Para matar a saudade segue abaixo a música para ouvir:

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